7 de abril de 2009

Quando damos por garantido verdades inquestionáveis

Nasci, cresci e fui educada num país europeu, Portugal. Fui viajando pela Europa onde me fui apercebendo de toda uma diversidade cultural. Com mais ou menos particularidades de cada país, com mais ou menos hábitos culturais diferentes que cada país apresenta, sempre me senti integrada.
Das Américas conhecia Nova York.
Agora ando a descobrir o Brasil.
Isto tudo para reflectir do que me apercebi nas últimas semanas.
O meu estágio na Critical, empresa de desenvolvimento de software obriga a uma série de reuniões e apresentações no mundo das tecnologias. Na semana passada o parque tecnológico onde a empresa tem o escritório aqui no Brasil, fez quatro anos e aproveitou a data para realizar um encontro das empresas tecnológicas que se encontram lá incubadas. As novas empresas (onde se inclui a Critical) foram convidadas a fazer uma apresentação. Para mostrar o que cada uma faz e como faz. Das seis empresas que se foram apresentar, fui a única mulher a fazer a apresentação. Lá estava eu, de microfone na mão, no meio de um palco do auditório a falar para uma plateia maioritariamente masculina. Tranquilo!
Depois das apresentações foi servido o café da manhã. Momento em que todos se reuniram e para meu espanto, a cada passo que dava, comecei a ser felicitada e elogiada pela minha apresentação. Mas o que mais me chamou a atenção, era que os elogios referiam-se à apresentação em si, mas principalmente por eu ser mulher.
“Sandra, muitos parabéns pela sua apresentação, sabe, não estamos habituados a ver mulheres fazendo isso!”
“Sandra, parabéns! Uma mulher fazendo uma apresentação no meio de tantos homens!”
É! Para mim é mais que normal uma mulher estar inserida em qualquer ambiente profissional. E de um momento para o outro, apercebo-me que não. Aqui as mulheres ainda não estão em pé de igualdade no meio profissional. Não fiquei escandalizada ou perturbada, de maneira nenhuma. Mas cresci e fui educada num país onde esta questão nunca fez parte do meu imaginário. Sempre dei como garantido determinadas lógicas, e uma delas é de que se a pessoa é formada e suficientemente profissional, pode estar em qualquer meio profissional. Claro que não sou ingénua o suficiente para dizer que em Portugal existem direitos de igualdade em pleno no meio profissional. Sei perfeitamente que ainda não chegamos a esse nível (infelizmente!). Mas aqui é diferente. É sentir que no Brasil as mulheres enquanto profissionais ainda têm um caminho para percorrer, um caminho mais longo que nós em Portugal. Se calhar é o que se passava em Portugal há 30 anos.
Mais uma aprendizagem que fiz. É sempre bom conhecer novas realidades, diferentes maneiras de pensar...
Bom para valorizar a cultura do meu país, que pode e tem muitos defeitos, mas faz parte de uma cultura europeia. Uma cultura da velha Europa, como eles falam aqui!

1 comentário:

Anónimo disse...

No Brasil existe milhões de brasileiras. OLHANDO PARA AS EMPRESAS DE "TOPO" JÁ NÃO É BEM ASSIM.
Mesmo em Portugal existe mulheres brasileiras no topo de grandes Empresas.
Também é verdade.... para colher a banana ( e pelo que dizes são deliciosas) é preciso trepar a bananeira. Folgo em saber o teu sentido de responsabilidade que marca a diferença. O sol a praia e todo o resto são coisas menores, de circunstância, por estares nesse país em que tudo é tão diferente, mas existe um projecto que não pode parar e o insucesso é palavra que não faz parte do teu vocabulário .... é assim que se encara os desafios e se ultrapassam os objectivos, porque alcançá-los é muito pouco, aliás, no momento é muito pobre.
Beijinhos